No governo Bolsonaro o processo de transição autoritária iniciado com o golpe de 2016 se aprofundou e acelerou, consumando a passagem da democracia de cooptação para a democracia restrita graças à sua luta incessante pela instalação de um regime fascista. A perspectiva neofascista do bolsonarismo contribuiu para o governo Bolsonaro reforçar os elementos fascistas no interior da autocracia burguesa. Os processos de militarização do governo, fascistização do aparato estatal, policialização da existência e de mobilização para um novo golpe aprofundaram as mudanças para a democracia restrita, sem, porém, lograr ultrapassá-la
Cristiane Luiza Sabino de Souza – Professora da Universidade Federal de Santa Catarina. Membro do grupo de pesquisa do Instituto de Estudos Latino-americanos (IELA/UFSC).
O tema central deste ensaio é a relação entre racismo e superexploração da força de trabalho. A partir da perspectiva materialista-histórico-dialética, problematizo a história do trabalho e da classe trabalhadora no Brasil. Desenvolvo, ainda, mediações necessárias para a apreensão da complexidade do racismo nas relações sociais no capitalismo dependente latino-americano. Discuto a relação desse objeto com a produção de riquezas, a acumulação do capital e a luta de classes. Não obstante, reflito acerca do memoricídio, instituído pela ideologia da branquitude e a compreensão fragmentada da história do trabalho e da classe trabalhadora no país, que precisa ser recuperada na sua complexidade histórica.
1 Doutor em Saúde Coletiva, professor associado do Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IMS/UERJ), líder do grupo de pesquisa Saúde, Sociedade, Estado e Mercado (Grupo SEM).
2 Doutoranda do Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IMS/UERJ), integrante do Grupo SEM.
3 Doutora em Saúde Coletiva pelo IMS/UERJ, Vice diretora de Gestão e Desenvolvimento Institucional da Casa de Oswaldo Cruz (Fiocruz), integrante do Grupo SEM.
4 Professora adjunta do Departamento de Enfermagem em Saúde Pública da Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, integrante do Grupo SEM.
A inserção da América Latina no sistema capitalista industrial internacional, contudo, não trouxe para os países periféricos os resultados obtidos pelos países centrais, ficando claro que os padrões de produção e de consumo não eram facilmente reproduzíveis. […] É a partir dessa observação que surgiu o interesse em escrever este artigo, como parte dos esforços que procuram resgatar a TMD no âmbito da academia contemporânea, adotando esse referencial para debater a situação de dependência do Brasil no campo da saúde coletiva.
Apresentação da nova edição do livro, recém-lançada
1.
Esta quinta edição, revista e ampliada, de A esquerda e o golpe de 1964, vem a público sessenta anos depois do golpe de Estado de 1º. de abril de 1964. Ela preserva, no essencial, os focos temáticos, os eixos de análise e o estilo narrativo do livro publicado originalmente em 1989, que mereceu generosa acolhida da crítica. Ao mesmo tempo, modifiquei capítulos e incluí outros; reelaborei várias passagens; e, principalmente, introduzi materiais inéditos e novos conteúdos, além de ter consultado fontes surgidas em décadas recentes.
O Socialismo Africano revisitadoPor Kwame Nkrumah, via Marxists.org, traduzido por Gabriel Landi Fazzio
Nascido em 21 de setembro de 1909, Kwane Nkrumah foi o grande líder da independência de Ghana e um dos mais influentes pensadores do chamado ‘socialismo africano’. Influenciado pelas ideias de Marcus Garvey, do marxista C.L.R. James, do exilado russo Raya Dunayevskaya e do sino-americano Grace Lee Boggs, Nkrumah desenvolveu sua obra em constante relação com os desenvolvimentos da luta independentista na África.
O texto abaixo foi originalmente lido no Seminário Africano que ocorreu no Cairo, sob o convite de dois órgãos, o “At-Talia” e o “Problemas da Paz e Socialismo”.
Nesse ensaio Marcelo Braz, professor doutor da Escola de Serviço Social da UFRJ, didaticamente demonstra como a construção do espaço urbano nas grandes cidades também é essencialmente marcada pela luta de classes. Tendo o Rio de Janeiro como grande laboratório de remodelamento de uma cidade voltada para o grande capital, Braz expõe as contradições desse modelo segregador sem menosprezar as diversas resistências políticas e culturais da classe trabalhadora. Justamente às vésperas de eleições municipais vale a leitura para pensarmos uma alternativa popular e anticapitalista nas diversas lutas urbanas.
Redução da Maioridade Penal: Punir os pobres e acumular capital.
por Thiago Sardinha Santos, professor de geografia, educador popular e militante da célula de professores do PCB – Partido Comunista Brasileiro – no RJ.
“A criminalização dos pobres intitulados como “inimigos” , quase sempre, são negros e moradores da favela, eles formam as “classes perigosas”. Diante disso, “nessa guerra”, a identificação do inimigo obedece a critérios geográficos, sociais, raciais, que impõem as camadas miseráveis da população a triste generalização de pobreza, raça e crime.”
A fase final do capitalismo, escreveu Marx, seria marcada por desenvolvimentos que, para a maior parte de nós, são hoje familiares. Incapaz de se expandir e gerar lucros ao nível do passado, o sistema capitalista começaria a consumir as estruturas que o têm sustentado.
Chris Hedges juntou-se aos professores Richard Wolff e Gail Dines no Left Forum na cidade de Nova Iorque para discutirem porquê Karl Marx é fundamental numa época em que o capitalismo global está em colapso. Junta-se o comentário feito por Hedges na abertura da discussão.
“Muitas organizações de esquerda apresentam a auditoria da dívida pública como uma das principais lutas dos trabalhadores contra a burguesia. Essas organizações entendem que os pagamentos dos juros e as amortizações efetuadas pelo Estado são uma das formas mais perversas de a burguesia se apropriar do fundo público, principalmente em momentos de crise do processo de acumulação do capital, e, com isso, impõe ao Estado o fim, ou a redução, das políticas públicas voltadas à assistência da população.”
Sofia Manzano é economista e professora do Departamento de Ciências Sociais Aplicada da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), autora do livro Economia Política para Trabalhadores (São Paulo: ICP, 2013) e Membro do Comitê Central do PCB.