Caio Prado Júnior: uma biografia política

Sofia Manzano – Professora da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) e membra do Comitê Central do PCB

Caio Prado Jr. foi um intelectual com extensa obra publicada, tanto por ele próprio – com seus livros e artigos – como por pesquisadores de sua vida intelectual, com a publicação de suas cartas, diários políticos, teses e ensaios. Também suscitou debates que obrigaram outros autores a lhes confrontar as ideias, sugestões e teses.

Leia mais

Cinco teses sobre a formação social brasileira

(notas de estudo guiadas pelo pessimismo da razão e uma conclusão animada pelo otimismo da prática)

Mauro Luis Iasi – Doutor em sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), professor associado da UFRJ e membro do Comitê Central do PCB

O artigo se fundamenta nos estudos realizados junto ao PPGSS da ESS da UFRJ, através do Nepem (Núcleo de Estudos e Pesquisas Marxistas) e apresenta cinco teses sobre a formação social brasileira diante do encerramento do ciclo histórico aberto pela crise da autocracia burguesa no final da década de 1970. Trata da manutenção das determinações da chamada via prussiana e suas consequências para a forma do Estado burguês no Brasil, para a dinâmica da luta de classes, a luta por direitos e o papel do Serviço Social nessa nova etapa que se abre.

Leia mais

Marx e Engels como estudiosos das relações internacionais no século XIX

Muniz Gonçalves Ferreira – Professor de História da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), membro do Comitê Central do PCB e da diretoria da Fundação Dinarco Reis

Neste texto relatamos a produção intelectual de Karl Marx e Friedrich Engels dedicada aos temas da vida internacional por meio de sua correspondência jornalística. Discordamos daqueles que negam a existência de uma reflexão autônoma marxiano-engelsiana sobre a temática, que demonstram desconhecer, ou pelo menos desprezar, esta parte da obra dos dois autores alemães. É o caso claro de Kernig, Aron, Bobbio, Kubálková e Cruishank. Alinhamo-nos a autores como Salomon Bloom, Kostas Papaioannou e Miklós Molnár, que admitem e resgatam tal produção, debruçando-se sobre o volumoso acervo de artigos internacionais publicados pelos dois amigos nas páginas jornalísticas, sobretudo do periódico norte-americano New York Daily Tribune. Justamente nestas páginas Marx e Engels desempenham, ao longo de mais de uma década, a condição de analistas das relações internacionais.

Leia mais

O profeta e Black Power: Trotsky sobre raça nos Estados Unidos

Christian Høgsbjerg – Professor da School of Humanities and Social Sciences, University of Brighton, Brighton, Reino Unido e autor de C.L.R. James in Imperial Britain.

Os críticos mais radicais de Leon Trotsky têm frequentemente feito a afirmação de que ele não entendeu a questão racial. Este artigo não pretende sugerir que Trotsky tenha dado qualquer tipo de “resposta revolucionária à questão do negro”, mas simplesmente tenta defendê-lo das acusações levantadas contra ele: oportunismo político e rude filisteísmo. Argumenta-se que, apesar das inevitáveis limitações e deficiências em alguns pontos, Trotsky demonstrou, de modo geral, uma simpatia instintiva e um desejo aguçado por uma compreensão mais profunda da luta de libertação negra no país, combinados com uma imaginação característica de um dos maiores revolucionários da tradição marxista clássica.

Leia mais

A economia política do Brasil e seu mestre soberano

LEDA PAULANI

O historiador marxista Caio Prado Júnior faleceu neste dia em 1990. Sua obra nos ajuda a entender a articulação entre dependência externa e exploração interna e desvendar como a atual estrutura de classes brasileira herdou o passado colonial após a independência e a abolição – resultando de um lado uma minoria proprietária e de outro uma grande massa trabalhadora.

Leia mais

Um jornalista combatente: Clóvis Moura, Flama e a política cultural do PCB (1951-1952)

Teresa MALATIAN. Professora Titular do Programa de Pós-graduação em História, Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Estadual Paulista – UNESP, campus de Franca.

Clóvis Moura (1925-2003) tem sido estudado por suas obras mais conhecidas de História e Sociologia, algumas delas hoje com o estatuto de clássico, como Rebeliões da Senzala. No entanto, uma importante dimensão de sua atividade intelectual, a de jornalista, permanece obscura, apesar de relevante. Neste artigo, pretende-se abordar a revista Flama, por ele criada e dirigida na cidade de Araraquara (SP), no âmbito da política de Frente Cultural desenvolvida pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB). De duração efêmera (1951-1952), a publicação merece destaque tanto por seu conteúdo alinhado com o partido como pela relevante rede de sociabilidades intelectuais e políticas construídas pelo seu criador e diretor. Um terceiro aspecto refere-se à repressão policial que motivou, acessada por meio dos prontuários do DEOPS-São Paulo.

Leia mais

Uma crítica da ideologia do racismo

Rian Rodrigues – Doutorando no PPGSS-UFRJ. Professor de Educação Física do IFF. Coordenador do NEABI IFF Cambuci.

O racismo é para nós uma ideologia. O fato de a ideologia ter se tornado um dos conceitos mais polissêmicos que conhecemos, não impediu a consolidação de uma forte tradição teórica de tratar o racismo enquanto uma ideologia. A partir disso, iremos apresentar uma interpretação particular da ideologia, buscando o caminho traçado por Marx e Engels, para pensar sobre o racismo, o que chamaremos de ideologia do racismo. Se ideologia é expressão ideal de uma base material, o fundamento da ideologia do racismo só poderá ser encontrado em determinadas relações sociais de produção e reprodução da vida.

Leia mais

O Jongo e a centralidade do trabalho

Jose Geraldo da Costa – Professor de História da Fundação Educacional de Volta Redonda. Coordenador do Coletivo Jongo di Volta.

Nesse artigo analisaremos a dança do Jongo, também conhecida como Caxambu, mediante reflexões de como o trabalho, enquanto atividade produtiva e transformadora, a partir das heranças culturais e religiosas africanas foi determinante na sua organização, que se constituiu em importante estratégia de resistência de negros e negras escravos no Vale do Paraíba. No pós-abolição muitos jongueiros e jongueiras migraram para municípios como o Rio de Janeiro. As suas práticas religiosas e culturais influenciaram seus cotidianos. A fim de desenvolvermos nossas reflexões teremos como referências análises de bibliografia especializada, letras de pontos ou canções de jongos preservadas nas comunidades jongueiras e depoimentos.

Leia mais

Racismo e superexploração: apontamentos sobre a história do trabalho e da classe trabalhadora no Brasil

Cristiane Luiza Sabino de Souza – Professora da Universidade Federal de Santa Catarina. Membro do grupo de pesquisa do Instituto de Estudos Latino-americanos (IELA/UFSC).

O tema central deste ensaio é a relação entre racismo e superexploração da força de trabalho. A partir da perspectiva materialista-histórico-dialética, problematizo a história do trabalho e da classe trabalhadora no Brasil. Desenvolvo, ainda, mediações necessárias para a apreensão da complexidade do racismo nas relações sociais no capitalismo dependente latino-americano. Discuto a relação desse objeto com a produção de riquezas, a acumulação do capital e a luta de classes. Não obstante, reflito acerca do memoricídio, instituído pela ideologia da branquitude e a compreensão fragmentada da história do trabalho e da classe trabalhadora no país, que precisa ser recuperada na sua complexidade histórica.

Leia mais