A Fundação Dinarco Reis oferece o Curso de Introdução a F. Engels, a ser ministrado durante o mês de janeiro/2025 por José Paulo Netto, em quatro sessões de trabalho (duração de 3 horas cada) às quartas, das 19:00 às 22:00, nos dias 08, 15, 22 e 29 de janeiro de 2025, na Plataforma Even3.
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A economia política do Brasil e seu mestre soberano
LEDA PAULANI
O historiador marxista Caio Prado Júnior faleceu neste dia em 1990. Sua obra nos ajuda a entender a articulação entre dependência externa e exploração interna e desvendar como a atual estrutura de classes brasileira herdou o passado colonial após a independência e a abolição – resultando de um lado uma minoria proprietária e de outro uma grande massa trabalhadora.
Leia maisUm jornalista combatente: Clóvis Moura, Flama e a política cultural do PCB (1951-1952)
Teresa MALATIAN. Professora Titular do Programa de Pós-graduação em História, Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Estadual Paulista – UNESP, campus de Franca.
Clóvis Moura (1925-2003) tem sido estudado por suas obras mais conhecidas de História e Sociologia, algumas delas hoje com o estatuto de clássico, como Rebeliões da Senzala. No entanto, uma importante dimensão de sua atividade intelectual, a de jornalista, permanece obscura, apesar de relevante. Neste artigo, pretende-se abordar a revista Flama, por ele criada e dirigida na cidade de Araraquara (SP), no âmbito da política de Frente Cultural desenvolvida pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB). De duração efêmera (1951-1952), a publicação merece destaque tanto por seu conteúdo alinhado com o partido como pela relevante rede de sociabilidades intelectuais e políticas construídas pelo seu criador e diretor. Um terceiro aspecto refere-se à repressão policial que motivou, acessada por meio dos prontuários do DEOPS-São Paulo.
Leia maisUma crítica da ideologia do racismo
Rian Rodrigues – Doutorando no PPGSS-UFRJ. Professor de Educação Física do IFF. Coordenador do NEABI IFF Cambuci.
O racismo é para nós uma ideologia. O fato de a ideologia ter se tornado um dos conceitos mais polissêmicos que conhecemos, não impediu a consolidação de uma forte tradição teórica de tratar o racismo enquanto uma ideologia. A partir disso, iremos apresentar uma interpretação particular da ideologia, buscando o caminho traçado por Marx e Engels, para pensar sobre o racismo, o que chamaremos de ideologia do racismo. Se ideologia é expressão ideal de uma base material, o fundamento da ideologia do racismo só poderá ser encontrado em determinadas relações sociais de produção e reprodução da vida.
Leia maisO Jongo e a centralidade do trabalho
Jose Geraldo da Costa – Professor de História da Fundação Educacional de Volta Redonda. Coordenador do Coletivo Jongo di Volta.
Nesse artigo analisaremos a dança do Jongo, também conhecida como Caxambu, mediante reflexões de como o trabalho, enquanto atividade produtiva e transformadora, a partir das heranças culturais e religiosas africanas foi determinante na sua organização, que se constituiu em importante estratégia de resistência de negros e negras escravos no Vale do Paraíba. No pós-abolição muitos jongueiros e jongueiras migraram para municípios como o Rio de Janeiro. As suas práticas religiosas e culturais influenciaram seus cotidianos. A fim de desenvolvermos nossas reflexões teremos como referências análises de bibliografia especializada, letras de pontos ou canções de jongos preservadas nas comunidades jongueiras e depoimentos.
Leia maisRacismo e superexploração: apontamentos sobre a história do trabalho e da classe trabalhadora no Brasil
Cristiane Luiza Sabino de Souza – Professora da Universidade Federal de Santa Catarina. Membro do grupo de pesquisa do Instituto de Estudos Latino-americanos (IELA/UFSC).
O tema central deste ensaio é a relação entre racismo e superexploração da força de trabalho. A partir da perspectiva materialista-histórico-dialética, problematizo a história do trabalho e da classe trabalhadora no Brasil. Desenvolvo, ainda, mediações necessárias para a apreensão da complexidade do racismo nas relações sociais no capitalismo dependente latino-americano. Discuto a relação desse objeto com a produção de riquezas, a acumulação do capital e a luta de classes. Não obstante, reflito acerca do memoricídio, instituído pela ideologia da branquitude e a compreensão fragmentada da história do trabalho e da classe trabalhadora no país, que precisa ser recuperada na sua complexidade histórica.
Leia maisRaça, classe e revolução no Partido Comunista Brasileiro (1922-1964)
Pedro C. Chadarevian – Professor nos Cursos de Graduação e Mestrado em Economia da Universidade Federal de São Carlos – Campus Sorocaba.
O PCB, ativo participante no debate econômico brasileiro entre sua fundação em 1922 e 1964, tem uma contribuição pouco conhecida para a análise do problema racial. A partir de um levantamento junto a documentos, revistas e manifestações de economistas e intelectuais do partido, foi possível distinguir duas fases radicalmente opostas na abordagem comunista da questão. Em um primeiro momento, até meados dos anos 1930, o PCB nega a existência de um problema de desigualdade racial no país, posição que lhe custaria duras críticas por parte de Moscou. Em seguida, o partido esteve por vezes na vanguarda da crítica do racismo, apesar dos limites de seu quadro analítico para a leitura dos problemas econômicos do país de uma maneira geral.
Leia maisFeminismo, PCB e o debate sobre trabalho doméstico entre as décadas de 1940 e 1960: relações intragênero e as dimensões de raça/classe
Iracélli da Cruz Alves –
Doutora em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Mestra em História pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Graduada em Licenciatura Plena em História pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). E-mail: iracelli_alves@yahoo.com.br.
O artigo tem por objetivo analisar o debate sobre trabalho doméstico e direitos para trabalhadoras domésticas promovido por mulheres ligadas ao PCB entre as décadas de 1940 e 1960. Orientado por demandas colocadas pelas próprias trabalhadoras e por discussões que vinham sendo travadas internacionalmente, o movimento mobilizou problematizações que foram além do mundo do trabalho e do plano jurídico na medida em que desnaturalizou ideias enraizadas de que o trabalho doméstico e a gestão do cotidiano familiar eram “coisas de mulher”. Nesse sentido, pensou alternativas para “libertar” as mulheres do que chamou de “escravidão doméstica”.
Leia maisLouis Althusser e o marxismo: polêmicas e contribuições
Marcos Cassin – Professor da FFCLRP/USP
O filosofo francês Louis Althusser passa a ser reconhecido como pensador marxista a partir de 1965 com a publicação dos livros “Por Marx” e “Ler O Capital”, além destas duas primeiras publicações outras também vão manter o caráter polêmico do autor, entre elas “Freud e Lacan”(1965), “Lenin e a filosofia”(1968), “Aparelhos Ideológicos de Estado”(1970), “Resposta a John Lewis”(1972), “Elementos de autocrítica”(1973),
“Posições” e “Marx e Freud”(1976), em 1978 escreveu uma severa crítica ao Partido Comunista Francês, “O que não pode mais durar no PCF” . Também escreveu duas autobiografias, uma com o título ”Os Fatos”, de 1976, e a segunda “O futuro dura muito tempo”, de 1985, ambas publicadas depois de sua morte em 1990. A obra deste autor é marcada por várias polêmicas, entre elas a acusação de estruturalista e funcionalista. Com relação ao debate sobre o estruturalismo Althusser se posicionar a respeito dessa corrente de pensamento, afirmando que o estruturalismo não
era uma filosofia terminada, mas um “conjunto de temas difusos” que não conseguia ter uma unidade de pensamento sistemático.
60 ANOS DO GOLPE BURGO-MILITAR DE 1964
Milton Pinheiro
Este artigo tem por objetivo examinar, a partir de uma investigação com base em pressupostos histórico-políticos, a cena daquela quadra histórica que começa no pós-segunda guerra mundial, avança com o golpe burgo-militar de 1964 e tem os primeiros passos de sua finalização com a transição pactuada que encerrou os governos do golpe. Como lógica de análise para desvelar esse longevo processo, será necessário localizar as forças políticas, as frações burguesas, as instituições do Estado capitalista e os aparatos ideológicos da direita que estiveram envolvidos. No entanto, também é importante investigar o contraponto ideo-político interposto pela esquerda, os comunistas e o bloco proletário e popular no enfrentamento aos golpistas. Contudo, a condensação das contradições envolvidas no processo possibilitou o surgimento de uma densa crise política. O desfecho dessa situação de crise foi o golpe articulado por frações burguesas e operado de forma particular pelos militares enquanto burocracia de Estado, que se utilizou deforma bonapartista da instituição forças armadas para defender os interesses das classes dominantes, alegando, a partir da ideologia da segurança nacional, o combate ao comunismo, para servir aos interesses burgueses consorciados com o imperialismo estadunidense.
Publicado originalmente na Revista Germinal: https://periodicos.ufba.br/index.php/revistagerminal/article/view/60166/32726
Leia o artigo completo em: https://drive.google.com/file/d/1lY_9li5tXcGpXdtnMnY1geeiEAVvrwFn/view?usp=sharing