Catullo Branco: Um Pioneiro

Artigo de Zillah Murgel Branco

Catullo Branco recolheu dos vários exemplos históricos da sua época – o levante do Forte de Copacabana, a revolução libertadora do Rio Grande do Sul, a revolução de 1924 em São Paulo, a Coluna Prestes, a revolução constitucionalista de 1932 e o levante da Aliança Nacional Libertadora, ocorridos no bojo das manifestações internacionais que culminaram na Revolução Socialista — os elementos formadores da sua ideologia revolucionária. Paralelamente, consolidou sua formação profissional com aprofundados estudos da experiência norte-americana, tanto nos aspectos técnicos do aproveitamento dos recursos hídricos como nos conceitos de administração pública, tendo em vista a responsabilidade das instituições do Estado em relação à população e ao território.

Tornou-se um comunista capaz de apreciar as valiosas conquistas científicas e tecnológicas do sistema capitalista. Como cidadão brasileiro rejeitou sempre a presença de forças estrangeiras no sistema de poder nacional e desenvolveu uma luta sem tréguas contra as imposições do grupo empresarial Light & Power que atuava na área da energia elétrica, gás e transporte urbano. Militante comunista, denunciou permanentemente o papel do neocolonialismo e do imperialismo.

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O Irracionalismo como ideologia do Capital e o caso brasileiro

Por Lucas Andreto – historiador e militante do PCB em São Paulo

Fala-se muito na anti-ciência e no “negacionismo”. As palavras entraram para o vocabulário comum na mídia burguesa, nas redes sociais, nas conversas do cotidiano. O conceito, no entanto, descreve um fenômeno, mas não o explica. A crítica comum de hoje vê no negacionismo e na anti-ciência uma característica de indivíduos e grupos extremistas, que simplesmente não aceitam a realidade. Tomado dessa forma, o negacionista científico aparece como um vilão, sua personalidade está determinada por intenções malignas, pelo fanatismo religioso, posição política extremista ou ainda pela insanidade. Assim, o fenômeno pouco é atribuído as contradições de nossa sociedade, mas sim a desvios de comportamento e de moral, ou então a transtornos de ordem psicológica.

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El coraje del Pueblo: da memória coletiva à ação política no final dos anos 1960 e inicio dos anos 1970

Por Allan Brasil de Freitas

Introdução

É célebre a frase dos anos 1920, atribuída a Lenin por Lunatcharsky, de que “o cinema é a mais importante das artes”. Não faltaram, durante as décadas subsequentes, aqueles que fizeram eco a tal afirmação. O cinema, pensado em sua totalidade, apresenta possibilidades de interações sociais entre público e obra que dificilmente podem se dar em outras manifestações culturais e artísticas. A relação dialética entre os elementos que compõem o dispositivo cinematográfico, para além de sua dimensão estética, em sua dimensão política, e o público a quem o cinema se dirige, guarda em seu âmago potencialidades que poucas vezes foram tentadas a serem levadas a seus limites. Como já apontava Eisenstein:

“O cinema, sem dúvida, é a mais internacional das artes. Não apenas porque as plateias de todo o mundo veem filmes produzidos pelos mais diferentes países e pelos mais diferentes pontos de vista. Mas particularmente porque o filme, com suas ricas potencialidades técnicas e sua abundante invenção criativa, permite estabelecer um contato internacional com ideias contemporâneas. Porém, no primeiro meio século de sua história, o cinema só explorou uma parte insignificante de suas infinitas possibilidades. […] O cinema, a mais avançada das artes, deve estar em posição avançada nesta luta. Que ele indique aos povos o caminho da solidariedade e da unanimidade no qual devemos nos mover.” (EISENSTEIN, 2002, p.11, p. 12)

Essa característica internacionalista do cinema, como bem apontado por Eisenstein, guarda em si um elemento politicamente complexo: ao mesmo tempo em que é possível tomar conhecimento das ideias dos diferentes povos, também é possível, e, em se tratando do mundo sob a ordem capitalista em seu estágio imperialista, diríamos, provável, se não inevitável, que sejamos seduzidos por ideias alheias a nossos interesses, tanto em nível de interesses nacionais quanto a nossos interesses enquanto classe. Sem querer adentrar de maneira mais consequente nos processos de disputa ideológica e de hegemonia, o que nos seria impossível dado o espaço deste breve artigo, será preciso fazer alguns apontamentos a esse respeito mais a frente.

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Seminário nacional: 60 anos da ditadura de 1964

O Instituto Caio Prado Jr ( ICP) e a Fundação Dinarco Reis ( FDR) realizarão, entre 1° e 4 de abril, um Seminário sobre os 60 anos do Golpe de 1964 e seus impactos e desdobramentos na vida política do país até nossos dias.

Será um importante evento que visa tratar sobre os diversos aspectos desse período sombrio da história brasileira e seus resultados na vida política e social do país, sobretudo seus efeitos nefastos e consequências para a classe trabalhadora e suas organizações políticas.

Esperamos resgatar, com esse Seminário, a importância e a atualidade desse debate, a partir do contexto conjuntural da época, atualizando nossa reflexão à luz desse rico processo histórico, suas causas e consequências até os dias atuais.

Mesa I ( 01/04) DITADURA: 60 ANOS DEPOIS

Mesa II (02/04) A POLÍTICA ECONÔMICA E AS LUTAS POPULARES

Mesa III ( 03/04) O PCB, A ESQUERDA ARMADA E A DITADURA

Mesa IV ( 04/04) A TRANSIÇÃO PARA A DEMOCRACIA FORMAL

Todas as mesas se iniciam às 19h30

Valor da inscrição: R$10,00

Link de inscrição:

https://www.even3.com.br/ii_sem_icp_fdr/

A esquerda e o golpe de 1964

Dênis de Moraes para A Terra é Redonda

Apresentação da nova edição do livro, recém-lançada

1.

Esta quinta edição, revista e ampliada, de A esquerda e o golpe de 1964, vem a público sessenta anos depois do golpe de Estado de 1º. de abril de 1964. Ela preserva, no essencial, os focos temáticos, os eixos de análise e o estilo narrativo do livro publicado originalmente em 1989, que mereceu generosa acolhida da crítica. Ao mesmo tempo, modifiquei capítulos e incluí outros; reelaborei várias passagens; e, principalmente, introduzi materiais inéditos e novos conteúdos, além de ter consultado fontes surgidas em décadas recentes.

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25 anos sem Horácio Macedo

Heitor César – membro do Comitê Central do PCB e diretor da Fundação Dinarco Reis

Em 24 de fevereiro de 2024 completam-se 25 anos da morte de Horácio Macedo, professor, pesquisador, cientista, militante político e ex reitor da maior universidade pública do país.

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