O julgamento de Dimitrov

Dirigente da Internacional Comunista, o comunista búlgaro Georgi Dimitrov foi preso na Alemanha nazista sob a acusação do famoso incêndio do Reichstag, o parlamento alemão, em fevereiro de 1933. Tendo dispensado advogados, assumiu a própria defesa e desmascarou, no julgamento do processo, a farsa montada pelo nazismo para criminalizar os comunistas e desencadear feroz repressão contra as massas populares na Alemanha.

Ao derrubar um a um os argumentos da acusação, provou a inocência do Movimento Comunista Internacional. Sua atuação está marcada entre os momentos mais especiais da trajetória comunista. Em homenagem ao feito, Bertolt Brecht escreveu o poema que segue abaixo.

A Fundação Dinarco Reis oferece ainda a íntegra de sua atuação no tribunal, em idioma espanhol.

Ao Camarada Dimitrov, quando lutou diante do Tribunal fascista em Leipzig

Camarada Dimitrov!

Desde o dia em que lutastes diante do tribunal fascista

a voz do comunismo, cercada pelos bandos de matadores e bandidos da SA

através do ruído dos chicotes e cassetetes,

fala bem alto e nítido

no centro da Alemanha.

Voz que pode ser ouvida em todas as nações da Europa,

que através das fronteiras ouvem o que vem

do escuro, elas mesmas no escuro,

mas também pode ser ouvida

por todos os explorados e espancados e

incorrigíveis lutadores

na Alemanha.

Com avareza utilizas, camarada Dimitrov, cada minuto

que te é dado, e o pequeno lugar que

ainda é público, utiliza-o

para todos nós.

Mal dominando a língua que não é a tua

sempre advertido aos gritos,

várias vezes arrastado para fora,

enfraquecido com as algemas,

fazes repetidamente as perguntas temidas.

Incriminas os criminosos e

leva-os a gritar e te arrastar e assim

confessar que não têm razão, apenas força.

Embora não tão visíveis

milhares de combatentes, mesmo os

ensangüentados em suas celas

que podem ser abatidos

mas nunca vencidos.

Assim como tu, suspeitos de combater a fome,

acusados de revolta contra os exploradores,

incriminados por lutar contra a opressão,

convictos da causa mais justa.

Bertolt Brecht