DE MARX PARA LAURA E PAUL LAFARGUE EM PARIS [LONDRES, 5 DE MARÇO DE 1870]

Apresentação por Mario Soares Neto

Apresentação à carta de Marx para Laura e Paul Lafargue em Paris O trabalho que ora apresentamos ao público leitor em língua portuguesa é a tradução de “Marx to Laura and Paul Lafargue in Paris”, correspondência enviada de Londres, em 5 de março de 1870.

A carta do acervo pessoal de Karl Marx – até então inédita no Brasil – foi originalmente publicada no volume 32 da segunda edição russa das obras de Marx e Engels lançada em Moscou no ano de 19641. Em 1971, um pequeno trecho deste documento constou na obra Ireland and the Irish Question e posteriormente, em 1979, apareceu um extrato em The Letters of Karl Marx, com seleção, tradução, notas explanatórias e introdução de Saul K. Padover3. A primeira publicação integral em língua inglesa desta correspondência foi devida ao empreendimento da Marx & Engels Collected Works.

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A QUESTÃO IRLANDESA EM MARX E ENGELS¹

APRESENTAÇÃO

Apresentamos nesta edição da Revista Novos Rumos, em nossa já conhecida seção Clássicos/Documentos, três excertos importantes da obra de Marx e de Engels sobre a questão irlandesa naqueles idos dos anos 1840, em meio à exploração capitalista avançada da Inglaterra, e as características das lutas de classes no período. Os dois excertos de Marx, a saber, “A questão irlandesa e a Internacional” e “A questão irlandesa e o proletariado”, foram extraídos da carta enviada por Marx a Ludwig Kugelmann, em 29 de novembro de 1869.

O terceiro e último excerto foi extraído de capítulo onde Engels trata do tema em A situação da classe trabalhadora na Inglaterra, escrito entre setembro de 1844 e março de 1845, e já conhecido em tradução no Brasil, desde alguns anos. Os dois excertos de Marx são conhecidos em tradução de Portugal, mas seguem em edição brasileira pela primeira vez.

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Ciência, tecnologia e sociedade: contribuições da experiência maoísta na China

Gilio Natan Dal Pont Sirtoli e Mário Lopes Amorim

O presente artigo tem como objetivo, por meio de uma revisão bibliográfica, retomar aspectos centrais do pensamento hegemônico na China Maoísta (1949-1978) sobre a relação entre ciência, tecnologia e sociedade, além de discutir as práticas que emergiram dessas reflexões. Busca-se evidenciar as contribuições dessa experiência histórica para os debates contemporâneos no campo CTS (ciência, tecnologia e sociedade), o qual, com frequência, negligencia perspectivas oriundas de realidades não ocidentais ou de países socialistas, limitando assim a diversidade das abordagens críticas.

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As origens da UDN: composição social e discurso político

Anderson Deo, Marina Olinda Calori de Lion

O artigo apresenta a atuação política das frações sociais que deram origem à União Democrática Nacional (UDN), no contexto histórico de sua criação. Para compreender o processo que deu origem a UDN, pretendemos analisar o período da República Velha (1889-1930). Fundamentalmente, o domínio político-econômico concentrado pelos grandes proprietários de terras e todo arcabouço político-institucional que garantia sua hegemonia. A hipótese aqui levantada indica que a UDN condensou uma proposta particular de liberalismo no Brasil, onde articulava politicamente um projeto liberal modernizante, mas com forte conteúdo social e econômico que garantiam a continuidade do domínio da burguesia agrária em desenvolvimento no país. Dessa forma, o projeto político-econômico da UDN expressaria um caráter dual do liberalismo, na medida em que articula o historicamente velho (agrarismo), com o historicamente novo (industrialismo).

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Caio Prado Júnior: uma biografia política

Sofia Manzano – Professora da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) e membra do Comitê Central do PCB

Caio Prado Jr. foi um intelectual com extensa obra publicada, tanto por ele próprio – com seus livros e artigos – como por pesquisadores de sua vida intelectual, com a publicação de suas cartas, diários políticos, teses e ensaios. Também suscitou debates que obrigaram outros autores a lhes confrontar as ideias, sugestões e teses.

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Cinco teses sobre a formação social brasileira

(notas de estudo guiadas pelo pessimismo da razão e uma conclusão animada pelo otimismo da prática)

Mauro Luis Iasi – Doutor em sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), professor associado da UFRJ e membro do Comitê Central do PCB

O artigo se fundamenta nos estudos realizados junto ao PPGSS da ESS da UFRJ, através do Nepem (Núcleo de Estudos e Pesquisas Marxistas) e apresenta cinco teses sobre a formação social brasileira diante do encerramento do ciclo histórico aberto pela crise da autocracia burguesa no final da década de 1970. Trata da manutenção das determinações da chamada via prussiana e suas consequências para a forma do Estado burguês no Brasil, para a dinâmica da luta de classes, a luta por direitos e o papel do Serviço Social nessa nova etapa que se abre.

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Marx e Engels como estudiosos das relações internacionais no século XIX

Muniz Gonçalves Ferreira – Professor de História da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), membro do Comitê Central do PCB e da diretoria da Fundação Dinarco Reis

Neste texto relatamos a produção intelectual de Karl Marx e Friedrich Engels dedicada aos temas da vida internacional por meio de sua correspondência jornalística. Discordamos daqueles que negam a existência de uma reflexão autônoma marxiano-engelsiana sobre a temática, que demonstram desconhecer, ou pelo menos desprezar, esta parte da obra dos dois autores alemães. É o caso claro de Kernig, Aron, Bobbio, Kubálková e Cruishank. Alinhamo-nos a autores como Salomon Bloom, Kostas Papaioannou e Miklós Molnár, que admitem e resgatam tal produção, debruçando-se sobre o volumoso acervo de artigos internacionais publicados pelos dois amigos nas páginas jornalísticas, sobretudo do periódico norte-americano New York Daily Tribune. Justamente nestas páginas Marx e Engels desempenham, ao longo de mais de uma década, a condição de analistas das relações internacionais.

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O profeta e Black Power: Trotsky sobre raça nos Estados Unidos

Christian Høgsbjerg – Professor da School of Humanities and Social Sciences, University of Brighton, Brighton, Reino Unido e autor de C.L.R. James in Imperial Britain.

Os críticos mais radicais de Leon Trotsky têm frequentemente feito a afirmação de que ele não entendeu a questão racial. Este artigo não pretende sugerir que Trotsky tenha dado qualquer tipo de “resposta revolucionária à questão do negro”, mas simplesmente tenta defendê-lo das acusações levantadas contra ele: oportunismo político e rude filisteísmo. Argumenta-se que, apesar das inevitáveis limitações e deficiências em alguns pontos, Trotsky demonstrou, de modo geral, uma simpatia instintiva e um desejo aguçado por uma compreensão mais profunda da luta de libertação negra no país, combinados com uma imaginação característica de um dos maiores revolucionários da tradição marxista clássica.

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A economia política do Brasil e seu mestre soberano

LEDA PAULANI

O historiador marxista Caio Prado Júnior faleceu neste dia em 1990. Sua obra nos ajuda a entender a articulação entre dependência externa e exploração interna e desvendar como a atual estrutura de classes brasileira herdou o passado colonial após a independência e a abolição – resultando de um lado uma minoria proprietária e de outro uma grande massa trabalhadora.

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