Hoje é 8 de Outubro

HOJE É OITO DE OUTUBRO!

CHE

Che se comunicava por ações e suas palavras eram armas na luta. Na Renascença, havia o ‘homem universal’, que era grande em arte, ciência e literatura. No século XX, a Política compreendida como domínio do Homem do seu próprio destino na História – é a verdadeira forma de universalidade. Che era neste sentido, universal. Ele paira sobre o mundo mais que qualquer outro revolucionário, nesta era pós-clássica.

Che deu sua vida pela liberação da América Latina, Ásia e África do império dos Estados Unidos, num exemplo sem paralelo de internacionalismo. Sua solidariedade era um compromisso irrevogável, que sobrevive a sua morte e seu exemplo continua incessantemente a ameaçar o imperialismo. Ele sabia que fazer a revolução era um ordálio caro e cruel para ele mesmo e para os outros, ele o escolheu resolutamente no conhecimento que o preço da submissão ao imperialismo é incomparavelmente maior, e é permanente. O Vietnã, ao qual Che dedicou sua última mensagem, permanece testemunha desta verdade.

Em Cuba Che representava uma profunda renovação na construção do socialismo. Ninguém expressava tão bem a liberdade revolucionária como o significado autêntico de construção diária da economia. O planejamento não era um mero instrumento técnico para ele. Ligado indissoluvelmente à atividade das massas, era a forma necessária do Homem dominar suas condições de existência. Isto precavia de qualquer cálculo mecânico de interesses. Che não foi mais dialeticamente materialista do que na sua insistência no primado dos incentivos morais na construção do socialismo. Era lógico que ele se posicionasse intransigentemente pela libertação da arte e cultura de qualquer burocratismo.

Para os marxistas nos países imperialistas, Che sempre falou com fraternidade e urgência. Seu ensaio “O Socialismo e o Homem em Cuba” propõe uma análise da exploração e alienação nas sociedades capitalistas de hoje. Ele sabia como era uma frente crucial, a luta de classes contra o capitalismo nos países centrais. Nossa tarefa, nas metrópoles do imperialismo, é solapar por dentro o sistema atroz e agressivo que ele lutou para destruir por fora. Lutar é a única homenagem apropriada a ele.

Obituário publicado na New Left Review 46 (November/December 1967)

O Conselho Editorial na época era formado por Perry Anderson, Robin Blackburn, Tom Nairn, Gareth Stedman Jones, dentre outros. Tradução: Maurício Parisi

https://drive.google.com/?authuser=0&usp=gmail#my-drive