José Paulo Netto
(dedicado a Nelson Werneck Sodré,
pela dignidade intelectual; a Moacyr
Félix, pela poesia; a Carlos Nelson,
pela amizade; e a Leila, por tudo)
José Paulo Netto
(dedicado a Nelson Werneck Sodré,
pela dignidade intelectual; a Moacyr
Félix, pela poesia; a Carlos Nelson,
pela amizade; e a Leila, por tudo)
José Paulo Netto
A questão do método é um dos problemas centrais (e mais polêmicos) da teoria social – demonstra-o o esforço dos clássicos das ciências sociais: não foi por acaso que Durkheim (1975) se ateve à construção de um método para a sociologia e que Weber (1992, 2000), além de se ocupar da conceptualização das categorias sociológicas, escreveu largamente sobre metodologia. Por isto mesmo, toda aproximação séria a tais ciências implica um esforço de clarificação metodológica (FERNANDES, 1980). E não é casual que sempre que elas foram objeto de questionamento, o debate metodológico esteve em primeiro plano – assim ocorreu, por exemplo, quando se tornou visível, nos anos 1970, a crise da sociologia acadêmica (GOULDNER, 2000; MORIN, 2005; GIDDENS, 1978), e assim voltou a verificar-se quando, já aprofundada esta crise, as ciências sociais desenvolveram explicitamente a discussão sobre os “paradigmas” (SANTOS, 1989, 2000).
As Revoluções do século XIX e a poesia do futuro1
Mauro Luís Iasi2
“A revolução social do século XIX
não pode tirar sua poesia do passado,
e sim do futuro.
Antes a frase ia além do conteúdo;
agora é o conteúdo que vai além da frase.
Karl Marx (18 Brumário)
Luiz Felipe Oiticicca
Fevereiro de 1848. Na segunda Revolução Francesa, a aliança entre correntes burguesas republicanas e o proletariado derruba Luis Filipe de Orléans e reintroduz a República. Três anos e meio depois, a 2 de dezembro de 1851, Luis Bonaparte – sobrinho de Napoleão e presidente em final de mandato – apoiado pela burguesia e pelos militares, dissolve a Assembleia Legislativa, manipula um plebiscito que ratifica o Golpe de Estado e afoga em sangue a insurreição popular, em Paris. No ano seguinte, outro plebiscito proclama-o Imperador da França, sob o nome de Napoleão III. Serão seis anos de poder absoluto e mais 13, à base de concessões políticas.
Ricardo Costa
Georg Lukács nasceu um Budapeste, Hungria, no dia 13 de abril de 1885. Oriundo de família burguesa, recusou-se a seguir a vida dos negócios para dedicar-se ao estudo das artes e da literatura, revelando grande talento para a crítica. Pela Universidade de Budapeste, torna-se doutor em Leis em 1906 e em Filosofia, em 1909. Desenvolve sólida formação humanista, ao conviver com intelectuais do quilate de Béla Bartók, Eugene Varga, Max Weber, Ernst Bloch, Mannheim e outros, sofrendo forte influência da sociologia e da filosofia neokantiana. Aprofundou suas leituras de Marx, Engels e Rosa Luxemburgo após a Revolução de Outubro de 1917. No ano seguinte, entusiasmado com as possibilidades do processo revolucionário mundial, ingressou no Partido Comunista da Hungria. Em março de 1919, eclode a revolução húngara e é proclamada a República Proletária dos Conselhos, a Comuna Húngara, sob a liderança de Béla Kun. Lukács é designado vice-comissário do Povo para a Cultura e a Educação Pública, realizando profunda reforma educacional, socialização das editoras e abertura dos museus e teatros aos trabalhadores. Em agosto, porém, as tropas fascistas de Horthy massacram a experiência socialista na Hungria (5.000 pessoas executadas, 75.000 presas e 100.000 forçadas ao exílio) e obrigam o PC a atuar na clandestinidade.
Ricardo Costa
A contribuição teórica do pensador marxista italiano Antonio Gramsci destaca-se por sua concepção dialética da história, ao privilegiar o estudo dos conflitos no processo histórico, evidenciando o papel ativo do sujeito na construção das relações humanas e na promoção das mudanças sociais. Compreendendo a divisão da sociedade em dominantes e dominados como resultado de um processo histórico de lutas, não natural, portanto, rechaça toda tentativa de explicar a dominação como um fenômeno perene e previamente dado, fundado na pretensa existência de uma “vontade de poder” ou de “prestígio” inerente aos homens e às nações, uma explicação tautológica e a-histórica a querer constatar, de forma acrítica, a ideia de o poder ser algo enraizado na “natureza humana”, conforme defendiam os pensadores tradicionais da política, os chamados “teóricos das elites”. Para um estudo aprofundado das relações de poder, o revolucionário italiano entendia ser necessária uma crítica inscrita na análise da totalidade histórica. Resgatando-se o princípio marxiano de totalidade, a perceber a realidade como a síntese de múltiplas determinações, a esfera política não pode ser pesquisada isoladamente do conjunto das relações sociais.
Zuleide Faria de Mello
I – DE MARTÍ A FIDEL
“A força do Partido Revolucionário Cubano emana do Espírito que o move, que brota em todas as partes, que não é obra de um só homem, nem sua ação resulta da cabeça de algum iluminado, militar ou civil, que sonhe com a imortalidade, que busque apoio complacente para suas veleidades ou a glória futura no meio dos seus concidadãos, mas que representa todos os cubanos livres que queiram reedificar o país e encontrar a melhor e menos cruenta forma de libertá-lo”.
(José Martí, Lançamento do Partido Revolucionário Cubano. Nova York, 17 de abril de 1892)