Os Comunistas e as Eleições: A experiência do PCB e o Bloco Operário e Camponês

por Lucas Andretto

O debate sobre a participação da classe operária nas eleições

Na Europa, a classe operária iniciou seu processo de participação nas eleições e no Parlamento desde, ao menos, 1848, com a Primavera dos Povos, ocasião em que alguns nomes célebres do movimento operário tiveram a oportunidade de exercer cargos no legislativo, como por exemplo, Pierre Joseph Proudhon. Entre 1884 e 1896, este processo aumentou significativamente com a fundação dos partidos social-democratas e trabalhistas, que em geral, defendiam a participação eleitoral e parlamentar dos trabalhadores tanto para propagandear o socialismo quanto para conseguir medidas imediatas de bem-estar para a classe operária. Entretanto, o assunto sempre foi objeto de polêmica, dividindo posições dentro do movimento operário entre aqueles que viam no Parlamento um campo estratégico da luta política e aqueles que condenavam veementemente a participação no Parlamento burguês (PZEWORSKI, 1984, P. 44).

A participação da classe operária e seus quadros políticos nas eleições burguesas foram desde então objeto de dura polêmica no seio do movimento operário. Os anarquistas foram sempre irredutíveis nesta questão, apesar de a recusa da participação nas eleições e no Parlamento não ser um monopólio destes. Para os anarquistas não há espaço para utilidade do Estado ou da democracia representativa de nenhuma forma, a instituição é estruturalmente condenada a servir apenas à burguesia ou a qualquer outra classe que exercerá um poder autoritário. Kropotkin condena o uso do Estado em todos os sentidos, nenhum ganho para a classe operária ou para o povo em geral é fruto da democracia representativa, mas sim da pressão popular que conseguiu arrancar através da força algumas medidas de bem-estar social por parte do Parlamento (Ibidem, p. 53). Para o teórico anarquista, se esses direitos não são conquistados pela força, pouca diferença há entre um Estado burguês democrático e representativo e uma monarquia absoluta, de forma que independente de suas vantagens ou desvantagens para a população, o que determinou a substituição da monarquia pela república foi tão só o fato do parlamentarismo corresponder melhor à forma de exploração do trabalhador no capitalismo do século XIX.

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