Memórias de um tempo muito ruim…
Por José Geraldo da Costa
Há 40 anos: Membro da Executiva Nacional do PCB e editor-chefe do clandestino Voz Operária, Orlando Bonfim Junior foi sequestrado em Vila Isabel, em outubro de 1975. Saltou do carro na Barão de Bom Retiro, na altura do Parque Viveiros de Vila Isabel (o antigo zoológico) e pediu que Puã, seu caseiro e motorista, com cuja família morava, o esperasse na Rua Teodoro da Silva, na altura do Hospital Pedro Ernesto, da Faculdade de Medicina da UERJ. Não apareceu na hora marcada. Ele havia advertido Puã, genro dos irmãos Jaime (outro desaparecido) e Nilson Miranda, que poderia ser preso e pediu-lhe para que, caso não aparecesse, Dedé, o motorista do Giocondo Dias, com quem teria um ponto no dia seguinte, fosse avisado imediatamente, o que foi feito. A seguir, Puã retirou a família de casa e se mudou para Xerém, segundo ele próprio me relatou.
Como outros dirigentes do PCB que foram sequestrados e assassinados, Bonfim foi um herói do povo brasileiro. Lutou pela liberdade e pela democracia somente com as ideias, sem recorrer à luta armada; e foi assim que enfrentou até a morte os seus assassinos.
A memória desses bravos foi obscurecida, como se eles nada representassem para a derrota da ditadura. Mas a História um dia lhes fará a Justiça devida.
A foto abaixo é de Beatriz Bonfim, sua filha, jornalista como ele, que hoje lembrou a data de seu sequestro. Foi o último dia em que foi visto com vida por seus companheiros.