PAULO NUNES BATISTA, nascido em 1924, é poeta e escritor paraibano radicado em Anápolis, Goiás. Editou 11 livros, sendo nove de poesia, um de ensaio e um de contos, além de mais de 150 folhetos como cordelista. É membro da Academia Goiana de Letras e de outras instituições culturais. Paulo Nunes Batista adotou, em seus versos de cordel, vários pseudônimos, como o de “Pau Brasil”, com o fim de livrar-se da perseguição policial que, em todo o Brasil, movia-se contra os comunistas. No poema “Formoso, memórias de uma luta”, homenageia os camponeses que organizaram a guerrilha contra o latifúndio ao norte do Estado de Goiás em meados da década de 1950.
Formoso Memórias de uma Luta
Pau Brasil (Paulo Nunes Batista)
Dezenas de anos atrás
A região de Formoso
Era campo ou mato virgem
Mato brabo e perigoso.
Onde a onça dominava e
Soberana soltava
Seu esturro pavoroso.
Do nordeste castigado
Pela seca e exploração
Chega o lavrador sem terra
Enfrenta o bruto sertão:
Dá combate e vence a fera,
Porque ele quer, ele espera
Ter um pedaço de chão
Invejosos sem entranhas,
Os grileiros aparecem
Querem expulsá-los da terra
E a intriga e a calúnia tecem
Compram a lei, calam o direito
E os crimes de todo jeito
No chão do Formoso crescem
Os posseiros se juntaram,
Como para um mutirão,
Unidos como um só homem,
Para defender seu chão …
Abandonaram as enxadas,
Saíram pelas estradas,
Lutando de armas na mão…
Zoada daquela grossa
Pode haver no Formoso
Os posseiros estão juntos,
Formam um grupo poderoso
E vão pelejar, sem medo,
Para derrotar, tarde ou cedo,
O bando ganancioso