Nascido no Rio de Janeiro apenas três anos após a abolição da escravidão (1891), o negro Minervino de Oliveira começou a trabalhar em fábricas como aprendiz de tecelão aos 10 anos. Tendo se iniciado no ofício de marmorista, inicia sua atuação no movimento sindical em 1911, tendo participado de importantes mobilizações sindicais no Rio de Janeiro nesta década. Virou liderança sindical.
Discursou em nome do Centro dos Operários Marmoristas nas atividades do 1º de Maio de 1924, primeiro comício público a ter um representante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Paulo de Lacerda.
Minervino ingressa nas fileiras comunistas e desde então colabora com artigos no jornal A Classe Operária, órgão oficial do PCB. Em 1928, conquistou, junto com o também comunista Otávio Brandão, um mandato na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, então capital federal, na legenda do Bloco Operário Camponês (BOC), frente eleitoral composta por setores do proletariado, sob estímulo principal do PCB, então na ilegalidade. Era a primeira vez que os comunistas brasileiros disputavam cargos majoritários.
O jornal no qual contribuía, aliás, assim falou sobre o pleito: “Vitória! Vitória! Pela primeira vez na história do Brasil, após 428 anos de luta, os trabalhadores abrem uma brecha nas formidáveis muralhas do legislativo e penetram na cidadela inimiga para iniciar uma política de classe independente”.
Em abril do ano seguinte, presidiu a reunião inaugural do Congresso Operário Nacional, realizado no Rio de Janeiro. Nesse congresso foi deliberada a criação da Confederação Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB). Minervino foi eleito secretário-geral da entidade.
Em 1929, iniciada a campanha para as eleições presidenciais marcadas para março do ano seguinte, o PCB opta por lançar uma candidatura que, segundo o partido, expressasse uma alternativa vinculada aos interesses dos trabalhadores.
Mais uma vez se utilizando da legenda do BOC, o nome de Minervino de Oliveira foi lançado para concorrer à presidência da República, tendo o ferroviário Gastão Valentim Antunes como candidato a vice. Foram lançados ainda alguns poucos nomes à Câmara Federal e ao Senado pelos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.
A campanha, sob o slogan “Votar no BOC é votar pela Revolução!”, sofreu sistemática perseguição policial a seus militantes e candidatos. Afinal de contas, defendia o reconhecimento da União Soviética, a Anistia, autonomia do Distrito Federal, jornada de trabalho de 44 horas semanais, voto secreto, direito ao voto para as mulheres e os analfabetos, e a redução do limite de idade para votar de 21 para 18 anos.
O próprio Minervino foi preso pelo inúmeras vezes, como em Ribeirão Preto (SP), quando presidia a relização de um congresso de trabalhadores agrícolas, e no bairro carioca de Bangu.
Com as inúmeras fraudes do então “Café com Leite”, que gerou inclusive o Golpe de 1930 por parte de Getúlio Vargas, Minervino recebeu míseros 720 votos. Nas eleições anteriores, os candidatos do BOC haviam conseguido 1.922 votos apenas no Rio de Janeiro!
Com a tomada do poder, Getúlio manda fechar os parlamentos. Minervino é preso e levado para a Casa de Detenção. Mandado para o famoso Presídio de Ilha Grande, é libertado em fevereiro de 1931.
Quase nada se sabe sua trajetória após estes acontecimentos. Entretanto, seu nome na já estava marcado na História: Minervino foi, ao lado de Octavio Brandão, o primeiro parlamentar comunista no Brasil, além de primeiro candidato operário e negro à presidência da República.