Raimundo Jinkings, letras em prol da revolução

No próximo sábado, o Partido Comunista Brasileiro e a Fundação Dinarco Reis homenageiam Raimundo Jinkings com a Medalha Dinarco Reis. Conheça um pouco desse verdadeiro herói do povo brasileiro.

Raimundo Antônio da Costa Jinkings, o terceiro filho de Raimundo Jinkings e Francisca Leite Jinkings, nasceu, em 5 de setembro de 1927, em Turimirim, distrito de Santa Helena, no Maranhão. Desde cedo ajudava o pai, fosse como boiadeiro, tangendo o gado e cuidando do rebanho de cabras, ou fazendo viagens a cavalo para transportar mercadorias. Adolescente, no município vizinho de Pinheiros, estudou e foi ajudante de alfaiate e de sapateiro.

Chegou a Belém do Pará em 1945. Acabara de completar 18 anos e foi se alistar na Força Aérea Brasileira (FAB), que convocava a juventude para suas fileiras. Iniciou o trabalho como soldado e, em pouco tempo, fez o curso e passou a cabo. Completado o tempo estabelecido para o serviço militar, passou a trabalhar como enfermeiro no Hospital da Aeronáutica.

Em 1950, prestou concurso para o Banco da Amazônia e foi aprovado. Na época, militava no PSB. Exercia forte liderança na luta dos bancários e se destacou na luta pelo monopólio estatal do petróleo, a campanha “O Petróleo é Nosso”, sendo um dos organizadores do 1º Congresso Regional Norte de Defesa do Petróleo, em 1952.

Neste mesmo ano, passou a escrever semanalmente para a “Folha do Norte” e também para o “Flash” e o “Estado do Pará”, iniciando aí sua carreira de jornalista.

Transferido para São Luiz do Maranhão, entrou no PCB. Em 1962, já de volta ao Pará e então presidente do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) no estado, comandou o histórico 1º de maio de 1962 de Belém, que antes era marcado por churrascos e festas. Incomodava tanto a direita que, em 1963, sua candidatura a vereador de Belém foi impugnada.

Com o golpe de 1964, foi preso e respondeu a inúmeros inquéritos policiais, tendo seus direitos políticos cassados. Com pagamento suspenso pelo banco onde trabalhava, abriu a Livraria Jinkings, um marco na história do Pará.

Na livraria, havia um grande salão no alto, que foi sede de reuniões políticas e culturais de inúmeros eventos, durante todo o período de luta contra a ditadura. Foi novamente preso em 1982, desta vez em São Paulo, onde participava do VII Congresso do PCB. Lá, foi eleito para o Comitê Central. Foi candidato a Deputado Federal em 1986, obtendo cerca de 6 mil votos, número considerado bastante expressivo, especialmente por ter encarado forte campanha anticomunista.

Enfrentou a onda que ameaçou a existência do Partido, e conseguiu uma grande vitória: o Pará foi um dos primeiros entre os poucos estados brasileiros que conseguiram o registro formal do Partido, superando uma burocracia restritiva e cruel.

Faleceu em 1995, depois de longa enfermidade. Deixou, como legado, além de cinco filhos, nove netos e um bisneto, o amor aos livros, a luta pela igualdade e o horror às injustiças.