José Paulo Netto descreve o Marxismo

De acordo com José Paulo Netto, em O que é Marxismo, “Marx se absteve de quaisquer “previsões” sobre os traços, os ritmos e os contornos da sociedade comunista. Seus escrúpulos intelectuais o impediam de transformar a teoria em profecia. Aliás, todas as suas conclusões assentam em estudos de realidade: por exemplo, a função histórica que atribui ao proletariado (a de agente revolucionário) deriva da análise que faz da sua posição e do seu papel no interior da sociedade burguesa. Seus cuidados em evitar mitos e utopismos de qualquer espécie sempre o levaram a recusar prognoses que não tivessem lastro teórico-racional inferido da realidade.

Todo esse rigor, entretanto, não foi suficiente para evitar que duas de suas hipóteses mais caras fossem contraditadas pela história: a de que a revolução se iniciaria nos países capitalistas avançados e, a curto prazo, seria de âmbito mundial. Mas aí surgiu em cena um novo protagonista, que Marx apenas vislumbrou: o imperialismo, com a passagem do capitalismo para a idade do monopólio.”

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‘Meu caminho para Marx’, de Lukacs

Neste artigo, ofilósofo húngaro György Lukács descreve sua trajetória como marxista, da qual destacamos o seguinte trecho: “Passaram-se mais de 30 anos desde o dia em que, jovem ainda, li pela primeira vez o Manifesto Comunista. O progressivo aprofundamento – ainda que contraditório e não linear – das obras de Marx tornou-se a história do meu desenvolvimento intelectual e, portanto, tornou-se também a história de toda a minha vida, na medida em que ela possa ter algum significado para a sociedade. Parece-me que, no período posterior a Marx, a tomada de posição em relação ao seu pensamento deve constituir o problema central de todo pensador que leve a sério a si próprio, e que o modo e o grau com que ele se apropria do método e dos resultados de Marx determinam o seu lugar no desenvolvimento da humanidade.”

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‘Nosso Marx’, por Gramsci

Nesse artigo, o dirigente comunista italiano afirma que “Karl Marx não é para nós nem o bebê que chora em seu berço nem o homem barbudo que apavora os sacristãos. Não é nenhum dos episódios anedóticos de sua biografia, nenhum gesto brilhante ou grosseiro de sua aparente animalidade humana. É um vasto e sereno cérebro humano, é um momento individual da trabalhosa busca secular que a humanidade empreende para adquirir consciência do seu ser e do seu devir, para apreender o ritmo misterioso da história e dissipar o mistério, para ser mais forte em seu pensamento e em sua ação. É uma parte necessária e integrante de nosso espírito, que não seria o que é se Marx não tivesse vivido, se não tivesse pensado, se não tivesse feito eclodir centelhas de luz com o impacto de suas paixões e de suas ideias, de suas misérias e de seus ideais.”

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