Marxismo e religião

A questão religiosa esteve presente nos estudos e análises desenvolvidos pelo marxismo desde o início, como indicam os trabalhos dos jovens Marx e Engels sobre as relações entre religião, filosofia, política, ideologia e revolução. Apesar da forte presença da questão religiosa nas reflexões dos principais teóricos marxistas, ao longo dos anos o debate sobre o tema foi relativamente subvalorizado por conta de uma interpretação equívoca do legado marx-engelsiano, que concebia o fenômeno religioso como um mero reflexo da dinâmica econômica ou como simples ideologia passadista, destinada ao desaparecimento histórico.

No entanto, a força social demonstrada pelo fenômeno religioso desde o final do século XX levantou a necessidade de atualização deste componente da tradição marxista, suscitando o aparecimento de novos trabalhos e estimulando o debate entre acadêmicos, estudiosos e militantes. Além disso, ao longo do século XX vários budistas, cristãos, judeus e muçulmanos inspiraram-se em diferentes aspectos da tradição marxiana, construíram projetos políticos emancipatórios nela inspirados e também aproximaram vertentes dessas religiões e vários de seus praticantes de temas do marxismo, bem como dos grupos e partidos políticos de esquerda, inclusive da tradição comunista.

Por conta disto, marxismo21 tem busca inserir-se neste processo, apresentando a seus leitores um dossiê sobre marxismo e religião. Somos gratos à relevante colaboração dos pesquisadores Eduardo F. Chagas (UFC) – cujo texto de abertura do dossiê foi especialmente elaborado para o blog –Muniz Ferreira (UFRRJ).

Finalmente, observamos que, excepcionalmente, este dossiê publica vários textos em outras línguas além do português e o castelhano na medida em que estes trabalhos são relevantes para a pesquisa marxista sobre a problemática da religião

Os Editores.

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