A Fundação Dinarco Reis publica o Programa e os Estatutos da Internacional Comunista (a III Internacional), aprovados no seu VI Congresso, realizado entre julho e setembro de 1928, em Moscou. O VI Congresso da IC foi marcado pela inauguração da tática política que denunciava a social-democracia como um “social-fascismo”, rejeitando quaisquer alianças dos comunistas com seus adeptos, o que resultaria, no início dos anos trinta, em uma linha que não vislumbrava diferenças entre a ditadura fascista e a democracia burguesa. Estabelecia-se, também, neste congresso, a “hierarquia das três forças”: à frente da revolução mundial marchava o proletariado da União Soviética, seguido pelo movimento operário dos países capitalistas, sob a direção da Internacional, ambos acompanhados, por fim, de um “exército auxiliar” formado pelas massas trabalhadoras das colônias, em luta contra a exploração imperialista. O anti-imperialismo deveria mobilizar as ações dos comunistas no mundo, no sentido de se oferecer a necessária resistência dos trabalhadores à ameaça representada pela guerra imperialista à pátria do socialismo.
No que tange às diretrizes políticas para os partidos comunistas nos países coloniais, semicoloniais e dependentes, o Komintern partia do pressuposto de que não havia, nestes países, condições objetivas para a concretização imediata da revolução socialista, sendo necessário concluir, inicialmente, a etapa da revolução democrático-burguesa, cujas tarefas essenciais estariam vinculadas à eliminação dos entraves ao desenvolvimento autônomo do capitalismo e à constituição do proletariado como classe, entraves estes representados pelo imperialismo e seus agentes internos, principalmente os latifundiários, responsáveis pela manutenção das relações “semifeudais” no campo. Após a morte de Lênin, evidenciara-se uma tendência que logo se consolidaria no interior do Komintern: um reducionismo teórico, provocado, de um lado, pela subordinação das estratégias políticas adotadas à construção do socialismo num só país e, de outro, pelo desconhecimento das realidades históricas dos países coloniais e semicoloniais. Desta forma, a teoria leniniana do nacionalismo revolucionário ia sendo substituída por um pragmatismo político associado às necessidades imediatas do Estado soviético, e uma das principais consequências desta postura foi a atenuação da posição crítica antes recomendada aos partidos comunistas dos países dominados pelo imperialismo em relação à aliança com as burguesias nacionais. Foi, portanto, no VI Congresso que se deu a institucionalização da teoria da revolução por etapas, pela qual, nos países periféricos ao capitalismo, a luta fundamental se daria entre a nação e a dominação imperialista, não entre capital e trabalho. As interpretações mecanicistas e etapistas da realidade social tornaram-se uma constante nos debates da III Internacional, que passou a adotar uma sistematização simplificada e dogmática do pensamento de Lênin, ao mesmo tempo em que as contribuições teóricas de outros revolucionários contemporâneos, como Rosa Luxemburgo e Trotsky, iam sendo relegados ao ostracismo, ou melhor, foram “excomungadas” do credo oficial comunista, assim como, mais adiante, seriam simplesmente ignoradas as reflexões críticas dos integrantes da Escola de Frankfurt, de Antonio Gramsci e de Lukács.
https://drive.google.com/file/d/0B26h2lpJWMYlSDVZZy13Z05KVTRRMkp6eTRLVGRaUUVDdGx3/view?usp=sharing