Reproduzimos duas resenhas publicadas no blog Literatura Marxista, acerca dos livros O caminho de Che e as guerrilhas latino-americanas (1959-1990), editado por Pablo A. Pozzi e Claudio Pérez; e O social-liberalismo, do militante do PCB Rodrigo Castelo.
O caminho de Che e as guerrilhas latino-americanas (1959-1990)
Por que estudar as guerrilhas latino-americanas? As razões são várias e a maioria delas tem a ver com a construção do conhecimento e com a compreensão da realidade histórica e social latino-americana. Além disso, há uma série de outros elementos que ressaltam a importância de estudar e conhecer os movimentos armados revolucionários na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia México, Peru, Porto Rico e Uruguai. O mais óbvio consiste no fato de que é impossível compreender o presente sem entender o passado. Neste sentido, as guerrilhas latino-americanas permitem identificar uma série de problemas e reivindicações das classes populares.
A recorrência dos fenômenos guerrilheiros, sua permanência no tempo e seus nexos com diversas organizações sindicais e políticas das classes populares colocam em questão uma visão recorrente na historiografia do continente, que pensa as organizações armadas como mera expressão de setores médios radicalizados (e reduzidos), desconectados da realidade cotidiana dos trabalhadores, operários e camponeses do continente. Um estudo mais detido e detalhado do fenômeno guerrilheiro, porém, sugere questionamentos a esta interpretação (ou pelo menos matizes), questionando também aquelas visões que enfatizam a hegemonia, o consenso ou os processos modernizadores que gestam “democracias” e incorporação “cidadã” nas sociedades latino-americanas.
O índice, a introdução e a bibliografia estão disponíveis aqui
O social-liberalismo
A gênese, ascensão e consolidação do neoliberalismo como poder hegemônico e ditatorial da atual fase do capitalismo é o tema central do livro O social-liberalismo, de Rodrigo Castelo. Em torno dele gravitam as principais reflexões sobre o social-liberalismo, ideologia que surgiu para re¬compor o bloco histórico neoliberal dos abalos sofridos pelo capitalis¬mo durante a crise conjuntural dos anos 1990.
A pesquisa empreendida pelo autor, tendo como traços fortes a inves¬tigação teórica, com maduras refle¬xões lastreadas em Gramsci, contribui para a compreensão das estratégias recentes de do¬minação capitalista que buscam neutralizar as reivindicações da classe trabalhadora, abrandan¬do-as sob uma supremacia que dispõe de elaborações construí¬das sob medida por intelectuais que supõem mesclar o modo de ser e agir do liberalismo com vagas intenções “socialistas”.