Ocorreu neste sábado (15 de março), em Goiânia, audiência pública sobre a luta camponesa de Trombas e Formoso, iniciada ainda nos anos 50, no então meio-oeste goiano (atualmente o norte do Estado).
Durante a audiência, foram colhidos depoimentos de participantes da luta pela posse de terra em Trombas e Formoso, em sua maioria ex-militantes do PCB – partido que organizou a luta – um dos movimentos camponeses mais importantes que já ocorreram no estado de Goiás.
A Revolta de Trombas e Formoso começou em 1950, no meio-oeste de Goiás, nos limites que o Estado tinha antes da criação de Tocantins. De um lado, camponeses sem terra, organizados pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB). Do outro, grileiros, assistidos por jagunços e forças policiais. Após dez anos de conflitos, de luta política e também de luta armada, o movimento camponês conseguiu assegurar a vitória, uma das únicas no Brasil republicano.
Porém, com o golpe de 64, os camponeses da região foram perseguidos e torturados. No início dos anos 70 a repressão foi brutal. A região foi assolada pela Operação Mesopotâmia, que buscava desmobilizar supostos apoios camponeses à Guerrilha do Araguaia.
José Porfírio, militante do Partido e líder da revolta, eleito deputado estadual após a vitória dos camponeses, foi literalmente caçado e preso em 1972, no Maranhão, onde tentava articular um movimento de resistência. Levado para Brasília, permaneceu preso até 07 de julho de 1973, dia em que foi libertado. Foi deixado na rodoviária por sua advogada e está desaparecido desde então. Durante a audiência houve exibição de trechos do documentário Cadê Porfírio?, do cineasta Hélio Brito.