Boitempo lança ‘Para uma Ontologia do ser social – I’

O primeiro volume de um dos projetos editoriais centrais da Boitempo, Para uma Ontologia do ser social, de György Lukács, chega às livrarias com apresentação de José Paulo Netto e tradução direta do alemão por Mario Duayer e Nélio Schneider, acrescida da tradução de Carlos Nelson Coutinho.

Obra de síntese, Para uma ontologia do ser social pretende ainda precisar os pontos do debate que agitaram o pensamento marxista nos últimos decênios. A Ontologia permitiu-lhe abordar a fundo esses pontos de dissenso e fornecer esclarecimentos acerca dos problemas essenciais do marxismo e dos fundamentos da própria evolução. “Os materiais que deveriam constituir uma “introdução” à Ética adquirem, assim, o estatuto de fundacionais da Ontologia, obra que não foi ainda suficientemente analisada. Em relação a ela no entanto se pode afirmar, com inteira segurança, que abre um novo horizonte teórico-filosófico para o desenvolvimento do marxismo, e que não haverá nenhum renascimento do marxismo se ela for ignorada”, sentencia José Paulo Netto.

Trecho do livro

“Antes de tudo, vida cotidiana, ciência e religião (teologia incluída) de uma época formam um complexo interdependente, sem dúvida frequentemente contraditório, cuja unidade muitas vezes permanece inconsciente. A investigação do pensamento cotidiano é uma das áreas menos pesquisadas até o presente. Há muitos trabalhos sobre a história das ciências, da filosofia, da religião e da teologia, mas são extremamente raros os que se aprofundam em suas relações recíprocas. Em virtude disso, resulta claro que justamente a ontologia se eleva do solo do pensamento cotidiano e nunca mais poderá tornar-se eficaz caso não seja capaz de nele voltar a aterrar – mesmo que de forma muito simplificada, vulgarizada e desfigurada.””